quarta-feira, 8 de junho de 2011

Simplesmente um Luxo!

            


Ao abrir seu primeiro ateliê em São Paulo, quebrou um tabu, criando para socialites quando era moda mulher de bem vestir-se em Paris e quando no Brasil só existiam modistas que copiavam as criações francesas. Este foi o marco inicial da roupa brasileira com estilo próprio.
Dener foi o grande percursor da alta-costura brasileira: fugia da comodidade do copismo, desenhando para clientes de acordo com seu físico, idade, gosto e em consonância com o nosso clima tropical.
Como seu ídolo, Balenciaga, defendia o estilo clássico, de bases simples, embora nos modelos de festa e noiva recorresse a bordados suntuosos e a certa dramaticidade. Requinte a parte, realizava-se mesmo fazendo taieres bem cortados. Mesmo vivendo cercado de glamour, Dener demostrou ter visão também para o marketing e os negócios. Tanto que foi o primeiro estilista a usar a força da mídia para promover e divulgar seu nome e suas coleções. Com a mesma sensibilidade e inteligência, percebeu, nos anos 60, que era hora de lançar sua grife em produtos industrializados. Pálido, frágil, de gestos delicados e atitudes excêntricas, o costureiro despertou raiva e paixão. Dener, naquela displicente e bem dosada arrogância de retocador de Deus, embeleza as mulheres e enfurece os homens. Os homens, principalmente os recalcados, odeiam Dener e tudo o que o genial figurinista representava na frescura de sua masculinidade, escreveu o jornalista David Nasser. Quando o mundo começou a mudar, o dinheiro trocou de mãos e surgiu o noveau riche, sentiu os pilares da educação e elegância corretas que sempre defendeu, ruirem como castelos de areia.
Foi um golpe duro. Considerado o último dos românticos, começou uma triste derrocada voluntária. Morreu jovem, empobrecido e triste.
Identificando-se com a personagem de A Dama das Camélias, que tanto admirava, recusou-se a aceitar as regras de um mundo que fugia dos parâmetros que tinha estabelecido como ideais.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário